Nunca te contaram isso, mas vocĂȘ pode trocar de roupa
- Gabriela Moreira
- Aug 10, 2022
- 7 min read
Updated: Aug 30, 2022
VocĂȘ nasceu nu e com o tempo, fez do seu traje, sua pele.
PS: Para ler esse artigo recomendo ler primeiro minha lenda sobre o Experimento Trocando de Roupa que fiz recentemente e que foi a matéria-prima para a escrita desse artigo.
VocĂȘ nasceu nu e com o tempo, fez do seu traje, sua pele.
Quando saiu do ventre de sua mĂŁe vocĂȘ nĂŁo tinha roupas. O que vocĂȘ tinha era apenas uma fina pele que delimitava seu corpo. Pensa que a sua caixa (personalidade, ego) Ă© essa roupa que seu ser vestiu pra poder estar aqui no mundo.

Com o tempo vocĂȘ foi colocando roupas dos mais diversos tipo, coloridas, quentes, frias, grandes, pequenas. Camadas de tecido, uma sobre outra. Em um ponto da vida, vocĂȘ começou internamente a costurar suas prĂłprias roupas de acordo com o clima. Pra um ser recĂ©m chegado na Terra, aqui Ă© tudo muito frio, muito assombrador, barulhento, precisamos de proteção.
Seu ser inevitavelmente é obrigado a construir grossas camadas de tecidos para proteger sua fina e recém-fabricada pele.
Chega um ponto da sua vida em que o seu sistema fĂsico, intelectual, energĂ©tico, emocional, teoricamente, jĂĄ alcançou um grau de maturidade (por volta dos 18 anos) que possibilita ao seu ser entregar seu valor mais puro a Gaia e aos seres dessa Terra. No entanto, de tanto usar aqueles trajes, que na infĂąncia foram tĂŁo Ășteis para lhe proteger, vocĂȘ passou a acreditar que essas roupas sĂŁo sua pele que nĂŁo tem como vocĂȘ trocĂĄ-las.
As roupas que antes lhe protegiam agora passam a lhe apertar, a te limitar. As mesmas camadas de tecidos que jĂĄ lhe protegeram, hoje lhe isola do mundo, das pessoas, lhe impede de sentir o vento e o mar.
Imagina a seguinte situação: vocĂȘ nasceu na AntĂĄrtida, um lugar muito gelado, sem vida, e vocĂȘ teve de construir estratĂ©gias para sobreviver naquele ambiente quase inĂłspito. Uma delas era usar essas grossas camadas de casaco para nĂŁo congelar.
O tempo passou, vocĂȘ sobreviveu, e hoje, no presente, vocĂȘ tem a oportunidade de viver em frente ĂĄ praia, algo que sempre sonhou. No entanto, vocĂȘ mata seu presente pelo seu passado. Mesmo fazendo sol, seu corpo suando, seu coração palpitando para ir correndo para o mar vocĂȘ acredita que trocar aqueles casacos por um short e uma regata vai lhe matar de frio, por isso vocĂȘ desiste. VocĂȘ coloca seus sonhos na gaveta, os adia, por acreditar que suas roupas sĂŁo sua pele, por acreditar que vai congelar.
Olhando de fora essa essa histĂłria, vocĂȘ pode estĂĄ se perguntando: Como Ă© possĂvel uma pessoa estar na praia com grossos casacos? Como Ă© possĂvel uma pessoa deixar de viver um grande sonho sĂł porque nĂŁo quer trocar de roupas? "Que besta uma pessoa sentir tanto medo de trocar de roupas".
Pois entĂŁo, vocĂȘ faz exatamente isso com a sua vida.
Quantas vezes vocĂȘ se adormece com grossas camadas de tecido pra se afastar da intensidade da vida e da conexĂŁo com as pessoas? Quantas vezes vocĂȘ escolheu manter a "estabilidade" do que arriscar a fazer uma grande ou pequena mudança? Quantas vezes abriu mĂŁo de um projeto, de um sonho, de um relacionamento, de uma aventura porque nĂŁo sabia, porque nĂŁo "conseguia", porque nĂŁo tinha dinheiro, porque nĂŁo era capaz de trocar de vestes?
Fazemos isso porque acreditamos que essa roupa Ă© nossa pele, porque acreditamos que somos nosso ego, porque acreditamos que somos nossa caixa.
O traje que usava na AntĂĄrtida nĂŁo Ă© errado, ele serviu muito bem pra vocĂȘ, porĂ©m pra viver a praia ele nĂŁo lhe serve. Se vocĂȘ nĂŁo aprende a se desidentificar da roupa que veste e a trocĂĄ-la, vocĂȘ vai limitar seu ser de criar tudo que ele venho aqui para criar.
Uma pessoa começa a conversar com vocĂȘ em inglĂȘs no aviĂŁo e vocĂȘ imediatamente jĂĄ diz "nĂŁo tenho um inglĂȘs bom, nĂŁo sei falar". Te convidam pra dar uma oficina pra 50 pessoas e vocĂȘ nega porque a sua "caixa/ego" estĂĄ lhe bombardeando com frases de "nĂŁo sou boa o suficiente pra fazer isso, nĂŁo consigo". VocĂȘ tem uma ideia incrĂvel de um curso, jornada, em mente e vocĂȘ deixa na gaveta e fica postergando isso porque "tenho que fazer isso e aquilo antes". Seu coração estĂĄ te chamando pra viver uma aventura e viajar pra aquele lugar que tanto sonha e vocĂȘ deixa pra depois porque "nĂŁo tenho tempo nem dinheiro".
Quando acredita nessas frases que sua caixa diz, vocĂȘ estĂĄ acreditando que a roupa que costurou pra vocĂȘ e que usa desde criança Ă© sua pele e que vocĂȘ nĂŁo pode trocĂĄ-la. Ă vocĂȘ acreditando na histĂłria de que sua caixa, de que essas histĂłrias sĂŁo maiores que o seu ser. E qual o problema disso? O problema Ă© que vocĂȘ deixa de fazer as coisas da sua essĂȘncia e as coisas que realmente importam, vocĂȘ limita a expressĂŁo do seu ser. Saber disso torna as coisas mais fĂĄceis? NĂŁo. Mas trazem mais possibilidades.
Imagina se um dia o universo te entrega um trabalho de fazer uma palestra para 300 pessoas e vocĂȘ veste a roupa de "nĂŁo sei falar em pĂșblico". VocĂȘ vai ficar com essa roupa e impedir sua alma de entregar seu valor ao mundo? Ou vocĂȘ vai se permitir lidar com as emoçÔes sobre isso e experimentar vestir uma roupa de uma superpalestrante que se comunica do presente e das profundezas?
Aprender a trocar sua caixa, sua roupa, Ă© uma forma de expandi-la, de se libertar e Ă© um superpoder.
O traje que costurei pra mim jamais seria capaz de permitir minha alma transbordar fazendo um experimento como esse de jogar dinheiro pra cima no Experimento Tocando de Roupa, ou criar vĂĄrias outras coisas que venho criando hoje. No entanto, a veste uma de mulher soberana, por exemplo, sim!
Eu pude entregar um valor do meu ser pegando emprestado outra vestimenta. Isso ampliou meu repertório, abriu espaço. Expandiu a minha caixa, meus limites, minhas possibilidades. O experimento da caixa trouxe para mim experencialmente, e não mentalmente, a constatação de que meu ser pode vestir qualquer roupa.
Tem coisas que de fato vĂŁo ser impossĂveis de serem feitas usando a roupa que costurei pra mim, como falar em pĂșblico, como criar uma escola, porĂ©m eu nĂŁo sou essa roupa. Meu ser venho transbordar e criar coisas no mundo muito maiores do que essa roupa que escolhi usar para me proteger e sobreviver, assim como vocĂȘ.
Se vocĂȘ acredita que vocĂȘ Ă© sĂł essa roupa que mostra pras pessoas, essa roupa que lhe protegeu, entĂŁo vocĂȘ limita seu ser de entregar o que ele venho aqui para entregar. Essa Ă© uma escolha sua. VocĂȘ pode escolher usar diversos trajes para entregar e ser seu valor no mundo.
No entanto, nĂŁo aprendemos sobre isso na escola nem na universidade, nem na famĂlia. NĂŁo aprendemos a usar das qualidades de diversos trajes pra entregar o que nossa alma venho aqui transbordar. Mas hoje vocĂȘ tem a escolha de mudar isso, vocĂȘ tem uma porta a sua frente. VocĂȘ pode abrir mais espaço para sua alma agir no mundo. VocĂȘ pode começar a praticar essa distinção experencialmente em todos seus corpos, (apenas ler essas palavras nĂŁo vai causar a transformação de que precisas).
Por isso deixo aqui algumas possibilidades de experimentos para vocĂȘ desenvolver esse superpoder na sua vida:
POSSIBILIDADES PARA VOCĂ COMEĂAR A DESENVOVLER ESSA HABILIDADE:
Escolha algo que vocĂȘ vem evitando de fazer por causa da sua caixa, da roupa que usa. Pode ser aquela live que estĂĄ querendo fazer a tempos, ou aquela oficina que estĂĄ querendo criar, ou uma proposta perigosa e extraordinĂĄria pro seu parceiro, ou uma call em inglĂȘs. Depois que escolher essa ação especĂfica vocĂȘ vai escolher uma vestimenta, um personagem, uma caixa que pode lhe ajudar com isso. Ă Ăștil perguntar ĂĄs pessoas a sua volta por possibilidades "que personagem/caixa" pode te ajudar mais a fazer isso. Por exemplo, se vocĂȘ escolheu fazer uma live por exemplo sobre meio ambiente, vocĂȘ poderia escolher a caixa da Greta Thunberg. Depois de escolher a caixa vocĂȘ vai se arrumar fisicamente de acordo com aquela pessoa. VocĂȘ estala seus dedos, da um giro e diz: "eu sou Greta". Depois faça o que se comprometeu a fazer e perceba o que acontece, o que muda. Sentindo todos seus sentimentos veja o que acontece.
Durante 3 dias, ande com um bloco de notas ao seu lado. Mantenha 10% da sua atenção observando seus pensamentos e comportamentos. Anote toda vez que vocĂȘ deixa de fazer algo pela sua caixa: "eu deixei de falar na reuniĂŁo porque minha caixa diz que o que falo nĂŁo tem utilidade", "eu nĂŁo disse nĂŁo pra aquela pessoa porque tem uma regra na minha caixa escrita: se eu disser nĂŁo as pessoas nĂŁo vĂŁo gostar de mim". Muitas dessas coisas provavelmente vĂŁo estar associadas a emoçÔes. Recomendo fazer um processo que chama...
Escolha dois dias e dois personagens. No primeiro dia, vocĂȘ vai vestir um personagem que admira durante todo o dia. VocĂȘ fala como ele falaria, tem as habilidades que ele tem, os gostos (pode ajudar se vocĂȘ assistir o filme Everything Everywhere All At Once). No segundo dia, vocĂȘ veste um personagem que tem desprezo, da mesma forma que o primeiro vocĂȘ fala como ele falaria, tem as habilidades que ele tem, os gostos, igual. Faça anotaçÔes sobre como vocĂȘ se sente, o que muda, o que vocĂȘ aprende.
No dia 06 de setembro vou facilitar um workshop de 2h de prĂĄticas e conteĂșdos sobre como vocĂȘ pode trocar de roupa e ter mais espaço e liberdade para fazer o que vocĂȘ quer tanto fazer. Se tem interesse em participar, clique aqui para saber mais informaçÔes e fazer sua inscrição.
Sinto alegria que leu atĂ© aqui. Comenta aqui embaixo quais reflexĂ”es emergiram em vocĂȘ a partir desse artigo. E se fizer um desses experimentos compartilha comigo tambĂ©m, vou adorar ouvir sobre!
O Blog Navegando na Complexidade é sobre Autoconhecimento, Natureza, Espiritualidade, Aventura, Universo e Vida. Um espaço em que partilho um pouco das minhas descobertas, aventuras e piras. Para ser avisado dos novos artigos que forem lançados só assinar a newsletter, ao fim da pågina!
Com Amor e Aventura,
Navegadora da Complexidade Gabriela
