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  • Gabriela Moreira

Motivação: uma ilusão.

Atualizado: 18 de jun. de 2022

O que realmente significa motivação?

Por um tempo acreditei que era importante eu me motivar a fazer coisas. Entendia a motivação como uma base, o princípio de realização dos meus projetos e sonhos. Estudei algumas ferramentas que tinham como princípio a automotivação: como manter a motivação viva para construir hábitos, para cumprir metas. Um pouco desse coaching barato que vemos por aí… Hoje vejo isso de uma forma um pouco diferente.


A informação mais importante que me permite chegar a um lugar diferente de onde estou hoje é exatamente reconhecer meu lugar no mapa. Qual é o meu X no mapa?


Quando ouvi essa pergunta pela primeira vez comecei a sentir medo e tristeza porque muitos dos X que identifiquei não estão onde eu gostaria que estivessem. Meu x no mapa da comunicação, meu x no mapa do dinheiro, meu x no mapa no trabalho… Por eles não estarem no lugar que eu “gostaria” que estivessem então preciso me motivar para conseguir chegar lá e quero pular a etapa de sentir os sentimentos sobre estar onde estou.


Indo em camadas mais profundas encontrei um lugar em que vi o medo de que o meu x no mapa fosse o meu para sempre. O meu x não é o meu para sempre, pelo contrário, ele é só o começo.


Esse “conseguir chegar lá” é uma história que nos desempodera e nos coloca em uma ilusão, e nela a motivação é muito bem vinda. Pra conseguir chegar lá precisamos de um empurrão porque isso está no futuro. Lá longe. Precisamos nos esforçar, manter a garra. Nos colocamos em posição de luta e de fuga.


O ponto é que o que tem que ser feito simplesmente é feito. Se você está com muita sede você não precisa se motivar para beber água. O ato por si só é preenchido de necessidade e vontade.


Quando quero fazer atividade física mas não me sinto “motivada”, isso pode ser uma informação importante: ou não estou reconhecendo a real necessidade nisso ou meus corpos estão me dando um sinal do quanto mover o corpo pode ser mais divertido e conectado do que da forma que estou fazendo agora.


Se digo: “não, vamos lá, motivação, foca no corpinho pro verão” percebe como se cria uma barreira para o que está de fato querendo ser comunicado?


Motivação é na verdade uma forma de nos anestesiar, de tapar os ouvidos para o que o nosso corpo, sentidos e sentimento quer nos comunicar.


Eu só preciso estar motivada se estou focada no X do mapa que eu gostaria que fosse e não onde está agora, no presente.


Um exemplo de como essa história da motivação pode nos anestesiar e impedir de acessar informações que nossos sentimentos tem a compartilhar com a gente:

Ah um tempo coloquei na cabeça que iria ler pelo menos um livro por mês. Logo no primeiro mês desse “compromisso” comecei a usar estratégias para me motivar como: “se eu ler 10 páginas por dia posso comer chocolate”. Essa armadilha de recompensa que criei pra mim mesma claramente mostra o quanto eu estava me anestesiando para o fato do que minha tristeza estava me dizendo. Eu estava triste com essa regra que eu mesma criei porque o livro que estava lendo (espectro da consciência) não é algo para ser lido em um mês. Essa tristeza me informou que pra mim é importante degustar e apreciar a leitura, me mostrou que não funciona colocar um prazo e me apressar para cumpri-lo.


Ao invés de ficar me motivando a fazer algo, quando parei para ouvir o que de fato estava acontecendo, fez com que eu mudasse o compromisso, a regra que eu mesma criei de ler um livro por mês para: estar degustando um livro por momento.


Muitas vezes esse lance de motivação é uma estratégia de nos anestesiar do que realmente meus sentimentos tem a dizer para mim.


No fundo, a motivação é sobre não estar presente o suficiente para mudar de ideia e para olhar para o que seus sentimentos estão a lhe informar e usá-los para tomar a próxima atitude.


Com amor,

Gabriela Fagundes

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