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  • Gabriela Moreira

Histórias são roupas. Você decide quando trocar.

Atualizado: 14 de fev. de 2023

Uma palavra tem a capacidade de ativar em você imagens, sensações, emoções, sentimentos, memórias, comportamentos, regras, pensamentos, crenças, opiniões, julgamentos.


Cada palavra faz a ponte entre a história e o que é.


"O que é Amor?". Inúmeras possibilidades de respostas podem vir à sua boca. Quantas respostas diferentes você é capaz de dizer para essa pergunta?


E para a pergunta "O que é um copo?", "O que é Terra?" e "O que é Raiva?"


Você é capaz de elaborar mais respostas para 'Copo', 'Terra' e 'Raiva' do que para 'Amor'? Qual palavra tem mais relevância para você? Qual te desperta mais desconforto? Qual é indiferente?


Amor é Amor. Copo é Copo. Terra é Terra. Raiva é Raiva. Qualquer coisa diferente disso é história.

Você não se relaciona com a realidade como ela é. Você se relaciona com a realidade a partir de histórias.


A habilidade de criar histórias e significados é nata no ser humano, assim como respirar, andar, comer. Por ser uma habilidade intrínseca, você nem percebe que faz, ou como faz, a não ser que você coloque foco/atenção.


No dia a dia, você esquece que é uma contadora de histórias e passa a vestir suas histórias como se elas fossem sua pele.


Histórias são roupas. Você pode trocar quando decidir. Porém, determinadas histórias, quando repetidas outra e outra vez, parecem ser realmente verdade. Elas parecem fazer uma simbiose com você e passam a ser sua pela.


Quando alguém apresenta a possibilidade de que existe algo diferente possível dessa história que você sempre vestiu, uma onda de medo e horror sobe pela coluna.


"Eu experienciei minha vida toda de que:

  • 'sentir é ruim, dolorido, negativo, não leva a lugar nenhum',

  • 'se eu chorar meus pais vão dizer: não é nada, engole o choro',

  • 'se eu expressar medo sou um covarde, fracote',

  • 'se eu estiver com raiva posso ser como meu pai e bater em alguém',

  • 'se mostrar muita alegria vou causar inveja',

Como você ousa dizer que existe algo diferente disso? Isso não são só histórias. São fatos verdadeiros, eu vivi essas coisas."


Eu sei, é assustador aceitar que existem outras possibilidades. Pode parecer loucura. Pode ter a sensação de que sua vida até então foi uma mentira. Está tudo bem. Você pode dizer para esse terror que corre pelo seus nervos "Olá medo. Seja bem vindo, eu te recebo."


Respira fundo.


Mais uma vez.


Permita que as sensações que emergem no seu corpo enquanto você lê essas palavras fluam. Não reprima. Apenas respire e esteja presente com o que quer que emerja.


Agora se conecte com seu coração. Vamos pesquisar as histórias conectadas a raiva, como um experimento.


Coloque seus pés no chão. Intencionalmente aumente um pouco da sua raiva. Algo como 10%. Apenas observe.


RAIVA. O que essa palavra causa em você? Quais são as imagens? Quais são as regras? Os sentimentos? Quais lembranças em flashes que vem pra você? Como você experienciou a raiva nas outras pessoas ao longo da vida? Como você experienciou a raiva em você?


Fique um momento nesse lugar.


Comece a escrever tudo que vem. Frases, palavras, imagens.


Agressão, violência, guerra, brigas. Desentendimento, baixaria, reclamação, irritação. Medo, limites cruzados, abuso... Assim por diante.


Essas são algumas das histórias que você tem sobre a raiva. (Você pode fazer esse experimento com qualquer outra palavra que você queira descobrir as histórias anexadas que você usa.)


A ação é tomada a partir de uma decisão consciente ou inconsciente (não decidir também é uma decisão) e a decisão é o resultado de uma história.


Se durante toda sua vida você ouviu e experienciou a história de que sentir raiva é ruim, perigoso, nojento, qual a decisão você toma a cada momento que essa energia aparece no seu corpo? Não sentir, (provavelmente essa decisão não é nem mesmo consciente). A partir dessa decisão qual sua ação? Provavelmente se anestesiar, fazer qualquer coisa para se livrar da raiva. Implodir ou explodir. Socar, correr, escrever, chorar, gritar, comer, transar, fumar, roer as unhas, meditar, respirar, xingar.


A raiva, assim como qualquer sentimento, é uma energia. Energia não é possível se livrar, apenas transformar. O fato de anestesiar e fingir que ela não está lá não a faz desaparecer. A faz permanecer. No corpo. Pesquise na internet sobre doenças somáticas e você vai ver quanto de câncer e doenças autoimunes são causadas a partir da repressão da raiva, principalmente em mulheres.


Mas então o que fazer com essa bendita energia? O que mais é possível?

Pense em uma faca. O que determina com que uma faca seja usada para matar alguém ou cortar um abacaxi?


A faca? Não. O propósito de quem usa a faca? Sim.


A faca é faca, assim como a raiva é raiva. O que determina a forma que você usa a raiva ou uma faca é o propósito.


O propósito determina a história, que determina a decisão, que determina a ação. Porém ninguém te ensinou isso em anos de escola. Você não aprendeu a destilar o propósito por trás de suas ações.


As pessoas que você presenciou na infância usando a raiva para violentar, bater, xingar, agredir não aprenderam a usar essa energia de forma consciente. As pessoas que você presenciou rindo enquanto estavam queimando por dentro, ou que engoliram anos de violência e abuso também não aprenderam a usar a raiva.


Você tem a chance de mudar de ideia. Você tem a chance de experimentar outras histórias. Você tem a chance, aqui e agora, de testar outra roupa e ver como fica. O que muda.


É uma jornada. Envolve aprender a sentir conscientemente e usar as informações dos seus sentimentos para navegar na vida. Isso pode parecer trivial, mas não é. É uma jornada de iniciação, que é dolorida, às vezes parece estar morrendo.


É preciso coragem para sentir raiva, tristeza, medo e até alegria e mostrar isso aos outros. É assustador porque o mundo todo age e diz exatamente o oposto: suprimir sentimentos.


Aprender a sentir é incrivelmente poderoso. Seu corpo foi feito para sentir seus sentimentos em até 100%. Você não precisará senti-los tão altos com frequência. Grandes mudanças são possíveis quando você aprende a sentir as baixas intensidades de até 10%. Com 10% de raiva consciente, por exemplo, você é capaz de se centrar, estar presente, decidir, ter clareza, vitalidade, ação.


Pode parecer simples, mas não é, porque requer outra coisa assustadora que é contraditória às histórias com as quais você cresceu: ousar não parecer bom, se permitir ser imperfeito, errar, não ser padrão ou legal.


"Pra mim raiva era uma coisa negativa. Sempre que eu pensava ou sentia raiva via a minha mãe. Eu não queria ser como minha mãe. Ao negar essa raiva em mim eu negava minha mãe. Fazia qualquer coisa para não sentir raiva, logo não ser minha mãe. Descubro que bloqueei por 40 anos minha força e minha clareza"~ de uma participante do último Clube da Raiva


Ler essas palavras pode até trazer insights para sua mente, mas uma mudança prática só acontece com a experiência em todos os corpos.


Para a videira crescer é preciso ter treliças. E para a construção da treliça interna na qual a consciência pode crescer e se aplicar é necessário prática mais distinções. A boa notícia é que existe um espaço desenhado exatamente para isso: O Clube da Raiva.


Nos próximos meses ofereço duas possibilidades para você vivenciar a transformação a partir da atualização de suas histórias sobre os sentimentos. São eles:

  • Clube da Raiva em Português- 5 encontros, começando dia 29 de março, segundas-feiras das 5h às 7h pm BR e 9h ás 11h pm PT

  • Rage Club in English- 6 encontros, começando dia 11 de abril, terças-feiras, das 7 às 9h30 CET timezone.

  • Clube da Raiva em Português- 4 encontros, começando dia 8 de maio, segundas-feiras das 6h30 ás 9h pm BR


Para se inscrever, me envie uma mensagem aqui.


Com Amor e Raiva,

Gabriela


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