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  • Gabriela Moreira

O que mais é possível quando se fala de "educação"?

Atualizado: 9 de out. de 2023

Como acontece a "educação" na Próxima Cultura? Qual é o velho e o novo mapa da educação?


Começo esse artigo pesquisando sobre qual o real significado dessa palavra que tanto se fala: Educação. O que é?


Segundo o dicionário, Educação se define como o ato de educar, de instruir, disciplinar. No seu sentido mais amplo, educação significa o meio em que os hábitos, costumes e valores de uma comunidade são transferidos de uma geração para a geração seguinte.


Educar, instruir e disciplinar os mesmos padrões de séculos atrás. Colocar na fôrma e continuar a conformar os seres para servir ao império patriarcal. Educação: "o meio em que os hábitos, costumes e valores são transferidos de uma geração para a geração seguinte." Se você tirar 1 minuto para perceber o que as últimas gerações vem causando no planeta em níveis gerais, fica óbvio quando a definição de educação aparece com o propósito central de passar esses mesmos valores.


Nessa definição da palavra, que muitos dizem como caminho para salvar a humanidade, não tem nada dizendo sobre iniciação, atualização da forma de pensar. A definição de educação mostra claramente que o propósito central é manter o que já está posto para que assim o Patriarcado continue a prosperar.


Esse velho mapa da educação que habita a Cultura Moderna tem como eixo central domesticar os seres humanos para obedecer, desde o sinal que toca para te dizer a hora certa de se alimentar até as cadeiras em fileira e a permissão para mijar. Todo o sistema é desenhado para a produtividade e para que a engrenagem do capitalismo continue a rodar incessantemente. Os professores são a autoridade e não tem habilidades para amparar espaço. São formados e pós graduados em metodologias para disciplinar os alunos, mas não tem nenhuma ferramenta para empoderar e criar o espaço seguro para que as crianças passem por cada nível de assumir responsabilidade.


Nessa mapa existem testes para provar o que se sabe e o que não se sabe, não há tempo para diversão, estudo é estudo. A competição para ser melhor instala um ambiente hostil e impossível para que a cooperação possa germinar. Esses são só alguns dos elementos de como a Educação hoje se constituí na Cultura Moderna.



Durante o Worktalk que facilitamos sobre essa temática (eu e Nicole Hartley Bradford) fizemos uma prática de navegação interna para scanear e descobrir o currículo oculto da escola que ainda estão presentes em nossos corpos. Um pouco do que encontramos em time foi:

  • Meu corpo físico está tão ok em estar sentando durante tantas horas em uma cadeira;

  • Professores e instituições estão contra mim;

  • Eles querem que eu seja menor

  • Eu vou estar por mim mesma

  • Eu deveria ser grata por esse sistema, estudei em boas escolas, não posso sentir esses sentimentos;

  • Sinto raiva por ter perdido tanto do meu tempo com coisas inúteis;

  • Escolher é um problema;

  • Sou punida por usar minha raiva, não posso usá-la;

  • Eu tenho que fingir;

  • Estar entediado é algo com o que eu tenho que conviver, é como é, não tem nada a ser feito sobre isso;

  • Eu tenho que manter minhas mão na mesa e estudar;

  • Eu preciso ser um exemplo;

  • Eu nunca vou poder ser boa em certas coisas;

  • Como uso a estratégia de ser uma boa garota para atrair a atenção dos meus professores;

  • Quem é melhor, quem tira maiores notas, tem conexão e apreciação, ganha estrelinhas;

  • Eu só tenho conexão se eu me esforçar, se eu fizer mais

Depois de passar tantos anos, ficando 6 a 8 horas por dia dentro dessa estrutura, o constructo está definitivamente operando em seu sistema, na sua forma de pensar, se relacionar, viver.


Para criar um mundo de jogo diferente é necessário que o criador altere seu ponto de origem, caso contrário a mesma coisa, com os mesmos propósitos são criados repetindo os antigos padrões. É o que acontecem muitas vezes com pedagogias e escolas alternativas que vem surgindo. A única opção que a Cultura Moderna te dá é pegar algo que já existe e pintar de verde e dizer que isso vai nos oferecer um futuro prospero, mas isso é um mundo de fantasia. Para criar algo diferente é preciso primeiro curar o que não funciona mais. É sobre primeiro reconhecer como essas estruturas da Escola, assim como as estruturas do patriarcado ainda estão habitando e rodando em seu sistema como estratégias de sobrevivência. Um passo para habitar um espaço diferente é assumir a responsabilidade por atravessar as portas de cura dessas emoções que vem do passado, que são inautênticas.


Quando o espaço dessas emoções do passado começam a ser limpadas, essa pergunta ganha espaço: O que mais é possível? O que pode ser criado com um bando de crianças e jovens reunidos em um espaço, juntas? Ter crianças reunidas, em grupo, em um único espaço é uma grande potência para crianção e aprendizado. O contexto determina o que é possível. Se o contexto em que essas crianças e jovens se encontram é transformado, então começa-se a haver possibilidades de mudança e florescimento.


Uma semente já contém todas as informações em si. Não é preciso adicionar nada dentro dela. Ela só precisa do solo, água, sol, ar, e tempo. Assim também são as crianças.


E se esse espaço que a Cultura Moderna chama de escola, fosse na verdade sobre isso? Se fosse ser sobre ser um solo fértil para que essas sementes possam ser germinadas? O que é necessário para que isso aconteça?


Adultos iniciados, o que significa seres capazes de assumir responsabilidade radical. Para criar um contexto em que seja possível amparar espaço ao invés de ensinar ou controlar é necessário haver adultos.


Quando fecho meus olhos e penso nesse espaço em que crianças e jovens se reúnem todos os dias, primeiro de tudo não penso como algo separado (casa- escola). É muito comum na Cultura Moderna os pais usarem a escola como uma forma de se livrar das crianças para que assim possam trabalhar e alimentar a casa (e o sistema). É como se o aprendizado só pudesse acontecer dentro daquele espaço da escola, mas na verdade a vida é aprendizado o tempo todo. Eu vejo um espaço container onde existe amparadores de espaço, adultos capazes de sustentar o que pode existir e emergir. Não existe escala de matérias, notas. Existe o aqui e agora abraçado e setado por adultos iniciados capazes de sustentar esse contexto para que as crianças aos poucos avancem no seu caminho de iniciação.



A vida é naturalmente feita de iniciação e a Cultura Moderna corta esse fluxo. Quando uma criança nasce ela começa assumindo responsabilidade sobre a própria respiração, depois por deglutir a alimentação, depois por caminhar, falar, escovar os dentes. Cada uma dessas pequenas coisas são iniciações. São elas se capacitando (e aqui tem uma coisa importante, elas mesmas se capacitam, elas tem suporte, apoio, referência, mas quem toma a decisão, quem aprende são elas) a assumir responsabilidade por mais uma partícula da vida. No entanto, a escola corta esse fluxo natural da vida, a escola não nos ensina a assumir responsabilidade, pelo contrário, ela te ensina a odiar a responsabilidade, a transforma em um saco de peso e deveres a serem cumpridos, e se eles estiverem errados a culpa é sua.


Como pais o maior papel é amparar espaço para que naturalmente essa responsabilidade possa ser assumida. Nesse novo mapa, esse espaço para onde as crianças e jovens vão passar seus dias, tem como propósito ser espaço fértil para que eles possam se capacitar a terem seu centro, a sentir e usar seus sentimentos, a criar, a estar no aqui e agora, a experimentar e aprender o que tem de impulso no momento presente. É a incubação e germinação para que quando chegue a 18 anos esse ser possa ser iniciado de fato a idade adulta e começar a viver sua vida de forma completa, livre e natural, entregando o seu real valor ao mundo.


Só havendo um adulto habitando seu estado de ego adulto que se torna possível segurar espaço para que crianças possam ser crianças.


E o que fazer com isso tudo? Se eu não quero mais levar o meu filho para escola, então o que fazer? Como lidar com todos esses medos que acertam seu coração nesse momento (como ele vai aprender, o que vai acontecer com ele, ele vai ficar sem amigos)? Todas essas vozes começam a surgir na sua mente e quase te forçam a permanecer como está, mas nesse artigo quero trazer possibilidades. Hoje existem muitas alternativas para que isso seja plenamente possível. Não é uma solução mágica. A descolorização é um caminho, é sobre assumir responsabilidade pela construção desse novo espaço, é sobre tomar frente pela recuperação da sua voz e da sua autoridade, assim como de seus filhos e das próximas gerações. É o seu caminho, e sinto alegria em te ter no meu time. Ao final desse artigo deixo sites em que você vai ter acesso a uma infinidade de recursos e possibilidades para dar seu próximo passo.


Eu venho conversando com alguns professores que estão dentro do sistema, e sentem a dor de perceber o que acontece dentro da escola e ao mesmo tempo lutam pra mudar de dentro. Não é algo nem bom nem mal. Não tem juízo de valor sobre isso. No entanto, percebo que pode ser ineficiente, porque o sistema não está quebrado, ele está funcionando exatamente como ele foi desenhado para operar.


O que venho descobrindo em meus experimentos e pesquisas é a necessidade de começar a habitar um novo mundo de jogo em que o propósito é diferente. Não é sobre construir escolas mais modernas, ou na floresta, ou em circulo. É sobre o mapa que está rodando, é o software. Com o software atualizado a estrutura física não importa tanto.


E qual é o novo mapa desse software? (ainda em construção)

  • Adultos completam a comunicação das crianças;

  • Adultos assumem responsabilidade radical;

  • Os espaços são de experimentação e curiosidade;

  • Colaboração entre crianças e adultos;

  • Ganho acontecendo, sem competição;

E o que é preciso para atualizar um software em si? Atravessar estados líquidos. Se permitir estar liquido sobre o velho mapa, sobre como ele ainda opera no seu sistema, na sua forma de pensar e se relacionar. Atualizando a forma como pensamos esse espaço em que nossas crianças e jovens são preparados para viver a vida adulta, atualizamos o campo do que é possível.


Eu realmente não sei como isso vai se dar no dia a dia, porque eu e você estamos criando e habitando a Nova Cultura aqui e agora, estamos segurando e construindo esse contexto. Isso está aqui e agora. Mas eu assumo a responsabilidade por experimentar. Eu me comprometo de estar em escolas e universidades, tendo conversas de cultura para cultura, segurando esse contexto do novo mapa da educação. E estou comprometida a fazer todos os processos necessários para que eu me torne a pessoa que faz isso.


Se você vem fazendo experimentos sobre isso com jovens e crianças, por favor compartilhe comigo. Eu tenho grande interesse de pesquisar sobre como aplicar as ferramentas do Possibility Managment nesse contexto e pra essa faixa etária.


Se você se sente chamado de alguma forma de construir isso te convido a assumir seu compromisso com o próximo passo. Apenas seu próximo passo. Quando começa a pensar em como isso vai mudar o mundo ou o quando isso é impossível é você dando pro seu gremiling a comida de superioridade, querendo se fazer de Deus, assim você continua onde está sem fazer nada. Escolha apenas o próximo passo, o próximo impulso, e continue.


RECURSOS PARA VOCÊ CONTINUAR SUA PESQUISA E EXPERIMENTAÇÃO:

*Está em inglês os sites. Uma possibilidade se você não fala inglês é instalar a extensão do google tradutor que traduz automaticamente toda a página.

  • Quit School (Se você está pensando em fazer unschooling com seus filhos, recomendo altamente mergulhar nesse site, tem uma série de experimentos e referências reais de como fazer isso)

  • Heal From School (Experimentos preciosos para você se curar da escola dentro de você mesmo)

  • Next Culture Education (Artigo escrito por Clinton Calahan, traz também algumas possibilidades sobre o que mais é possível)

  • The Teenage Freedom Handbook


Com Amor,

Gabriela Florescedora da Essência




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